5.2 |
BENCHMARKING |
http://www.apqc.org |
Os fornecedores
são um caso particular de organização que pode fomentar a Inovação e a Qualidade. A
aprendizagem recíproca de boas práticas, entre diversos tipos de empresas, conduzida de
forma estruturada, está na essência do benchmarking. Trata-se de uma
metodologia extremamente poderosa, com inúmeras provas dadas no terreno. Consiste
essencialmente num processo de comparação do desempenho e procedimentos de uma
organização face aos resultados e métodos de trabalho de outras, com o fim de
estabelecer indicadores e alcançar melhorias de funcionamento. |
"O benchmarking é um processo sistemático e contínuo de medida e comparação das práticas de uma organização com as das líderes mundiais, visando obter informações que ajudem a melhorar o seu nível de desempenho". |
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A condução de um
processo de benchmarking pressupõe a congregação de esforços entre um conjunto de
empresas, interessadas em participar neste mecanismo de aprendizagem partilhada. Não
sendo simples nem fácil encontrar parceiros para integrar o processo, actualmente esta
pesquisa pode ser algo facilitada pela consulta de clubes ou bases de dados de
benchmarking, disponíveis em cada vez maior número. |
Durante o Campeonato Mundial de Futebol que decorreu em França, no ano de 1998, diversos jornalistas desportivos construíram o perfil de um jogador de futebol "perfeito", combinado as melhores práticas existentes entre diversos profissionais do sector, conforme a seguir se descreve: |
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Combinando e aprendendo as diferentes características com os respectivos "campeões", será possível a qualquer jogador melhorar as suas capacidades e níveis de desempenho. É justamente em torno deste espírito, transferido para as organizações, que se operacionaliza o benchmarking. |
Fonte: Jornal Expresso, nº1339, 26/6/98 (adaptado). |
A concretização de um projecto de bencmarking pode ser dividida em quatro fases essenciais (figura 5.2): |
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FIG.5.1 ![]() |
Para realizar
benchmarking, muitas organizações não chegam sequer a sair fora de portas, comparando
melhores práticas a nível interno (entre turnos, linhas de fabrico, secções, unidades
fabris, etc.), numa variante da metodologia conhecida como
benchmarking
interno. Quando a comparação envolve os produtos, serviços e processos
de trabalho de empresas distintas, mas oriundas de um único sector de actividade, estamos
perante um outro tipo de benchmarking, designado por benchmarking
competitivo. Por sua vez, a versão mais clássica do bencmarking, também conhecida como
benchmarking funcional, consiste na identificação das melhores práticas
junto de qualquer tipo de organização com níveis de desempenho de excelência na área
funcional em estudo, independentemente do sector de actividade. |
Tipo de benchmarking |
Margem de melhoria |
Interno | 10% |
Competitivo | 20% |
Funcional | 35% |
Na gestão de operações de uma companhia de aviação, o tempo que os veículos estão parados em terra é o drama de qualquer responsável, com custos proibitivos para cada segundo adicional que passa. Após a verificação que um dos factores críticos para a redução do tempo de permanência no solo dos aviões era a duração do reabastecimento, uma determinada empresa decidiu conduzir um projecto de benchmarking centrado nesta função. Para o efeito, foi "aprender" a encher os depósitos rapidamente, não com qualquer empresa de aviação, mas com uma equipa de Fórmula 1, por esta ser capaz de reabastecer um carro em menos de 10 segundos! As melhorias obtidas foram substanciais, dificilmente alcançáveis caso a empresa tivesse optado por limitar os horizontes do projecto ao benchmarking interno ou competitivo. |
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A Rank Xerox foi a empresa pioneira na aplicação do conceito de
benchmarking, no final da decáda de 70, motivada pela necessidade de conhecer as causas
de sucesso da Fuji, que a destronara no monopólio das fotocopiadoras. Devido ao sucesso
obtido na Xerox, o benchmarking rapidamente se tornou popular nos EUA, chegando alguns
anos depois à Europa, onde a sua importância na Inovação e na Qualidade é claramente
assumida pela Comissão Europeia: para além de consagrado na Política Europeia da
Qualidade enquanto vector essencial, o benchmarking é uma das grandes apostas da União
Europeia para reforçar a competitividade das suas empresas. Paralelamente, a EFQM
(European Foundation for Quality Management) tem também protagonizado e apoiado a
realização de projectos de benchmarking em diversas áreas. |
http://www.ctcv.pt |
O Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV), com o apoio do IAPMEI, concebeu e implementou junto da indústria cerâmica de pavimentos e revestimento um projecto de benchmarking funcional, cujos objectivos foram: |
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O modelo utilizado (figura 5.3) foi desenvolvido em duas fases. Na primeira fase, levou-se a cabo a preparação e execução do benchmarking, com a correspondente selecção dos benchmarks (incluindo um segundo exame detalhado das suas práticas) e implementação das mudanças. Na segunda fase, foi avaliada a evolução dos desempenhos de cada um dos parceiros relativamente aos benchmarks seleccionados, permitindo medir o impacto das acções implementadas na primeira fase. |
FIG.5.3 ![]() |
Para a avaliação de desempenho das empresas participantes, foi seleccionado um conjunto de áreas de intervenção e de indicadores comuns e sectoriais específicos: |
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Os resultados obtidos pelas diferentes empresas em cada área e nos indicadores de desempenho permitiram identificar o best in class em cada área e traçar o perfil de benchmark (figura 5.4), gerando-se assim relatórios individuais de posicionamento, extremamente úteis para a melhoria contínua dos participantes neste projecto. |
FIG.5.4 |
O subsector da Louça Metálica, através da
participação de 8 empresas, aderiu a um projecto piloto de benchmarking
promovido pelo
IAPMEI, que visa ajudá-las a clarificar a sua posição competitiva, identificar áreas
de melhoria e implementar processos de mudança. |
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FIG.5.5 |
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FIG.5.6 |
Efectuou-se uma visita às empresas aderentes ao projecto para recolha da informação pretendida com base num questionário previamente definido. De seguida, pretendeu-se, através da análise dos indicadores acima descritos, estabelecer correlações entre as opções tomadas e os seus impactos, e identificar e difundir boas práticas, de modo a reforçar algumas das seguintes características do subsector da louça metálica em Portugal: |
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Fonte:
Alba, F., "Projecto de Apoio à
Inovação Tecnológica das PME's: IAPMEI/Agência de Inovação/CATIM -
Benchmarking", págs. 15-17 (adaptado). |
Desde sempre fomos habituados, individualmente, a aprender com os outros (pais, irmãos, colegas, professores, etc.). O benchmarking transpõe este conceito para o campo das organizações ao estimular a criação de redes de aprendizagem recíproca inspirada na identificação de boas práticas, reforçando-se por esta via a Inovação e a Qualidade das empresas. |
©
Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999 Edição e Produção Editorial: Princípia. Execução Técnica: Cast, Lda. |