2.2.7
CARTAS DE CONTROLO

Nas cartas de controlo estatístico do processo encontramos a derradeira e menos "básica" das sete ferramentas básicas da Qualidade.
As primeiras cartas de controlo nasceram nos anos 20 pela mão de Walter Shewhart (EUA)
. Elas permitem distinguir aquilo que é a variabilidade e flutuação normal de um processo, de situações atípicas decorrentes de causas esporádicas de variação. Esta distinção é determinada por critérios de natureza estatística (que não serão aqui abordados), incluindo a determinação de limites de controlo a partir de amostras recolhidas do processo (figura 2.15). A ocorrência de valores situados para além dos limites de controlo corresponde à existência de causas esporádicas de variação, que importa investigar.

FIG. 2.15 Exemplo de uma carta de controlo.

As cartas de controlo permitem, portanto, acompanhar o comportamento de um determinado parâmetro e têm por objectivos:

  • evidenciar se o processo se encontra sob controlo estatístico;

  • assinalar a presença de causas especiais de variação;

  • orientar a introdução de melhorias no funcionamento do processo.

Ora, as situações inesperadas ou anómalas proporcionam excelentes oportunidades de Inovação nos processos, pelo que a aplicação de cartas de controlo estatístico do processo (SPC), ao identificar tal tipo de ocorrências, contribui para a descoberta destes filões de oportunidade.

 

Prosseguindo o estudo do processo de confecção do Cozido à Portuguesa, vamos admitir que, desta feita, o restaurante foi registando ao longo de um mês a opinião média diária dos clientes em relação ao sal adicionado. Para o efeito, empregou-se uma escala que varia de 1 (sal a menos) a 5 (sal a mais), e construiu-se a carta de controlo representada na figura 2.16 com base nos resultados obtidos .

 

FIG. 2.16 Zonas alvejadas e áreas críticas não alvejadas em aviões que regressavam à base

 

 

Verifica-se, portanto, que ocorreu algo de anómalo no dia 14. Combinando esta com outras ferramentas básicas (formulário de recolha de dados, fluxogramas e diagramas de causa-efeito), é agora possível identificar a origem da situação: tendo-se esgotado o sal grosso no dia 14, houve necessidade de recorrer a sal refinado, com o qual os cozinheiros não estavam habituados a trabalhar, daí decorrendo uma dificuldade de doseamento. No sentido de evitar uma repetição deste problema no futuro, optou-se por modificar o processo de aprovisionamento de sal, para garantir que o sal grosso não voltasse a esgotar-se.

 

© Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999
Edição e Produção Editorial: Princípia.    Execução Técnica: Cast, Lda.